domingo, 18 de abril de 2010


A SOMBRA

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"Se despertas o que tem dentro de ti, o que tem dentro de ti, te curará"

Esta frase nos fala da possibilidade de nos tansformarmos através do enfrentamento com nosso lado sombrio. Na psicologia analítica, a Sombra, faz referência ao arquétipo que é o nosso ego mais “sombrio”, mais reprimido, que nós desejamos que permaneça escondido por suas nuances maléficas, que podem ser indesejadas socialmente. “É o lado obscuro, ameaçador e indesejado de nossa personalidade; a parte de nós reprimida por conta do ideal do ego (aspiração de padrões considerados ideais por nós, pelos nossos pais ou pela sociedade)”. (RODRIGUES, 2009)

Jung acreditava que esse arquétipo foi herdado das formas inferiores de vida através da longa evolução que levou à formação do ser humano. A sombra traz consigo todas aquelas atividades, sentimentos e desejos que podem ser considerados imorais e violentos, aqueles que a sociedade, e até nós mesmos, não podemos aceitar. (JUNG, 1964)

A sombra nos leva a nos comportarmos de uma forma que normalmente não aceitaríamos e que igualmente a sociedade rejeitaria. E, quando isso ocorre, acabamos por afirmar e sentir que o fato foi gerado ou impulsionado por algo que estava além do nosso controle. Esse "algo" é a sombra, a parte primitiva, instintiva da natureza humana. (JUNG, 1964)

Para Zweig e Wolf (2000, p. 55), “a sombra se esconde em nossas vergonhas secretas. Descobrir a vergonha é descobrir uma flecha apontando diretamente para material de sombra”.

Apesar de ter esse aspecto sombrio e negativo, a sombra também carrega consigo um papel positivo, já que “é responsável pela espontaneidade, pela criatividade, pelo insight e pela emoção profunda”, características tão importantes ao pleno desenvolvimento humano. (JUNG, 1964)

O trabalho que Jung propõe é tornarmos a nossa sombra a mais clara possível. É tomarmos consciência não só da existência dela, mas fazermos contato com ela para que assim possamos melhorar seus aspectos e nos relacionarmos melhor com ela, fazendo com que nos relacionemos melhor com as nossas emoções e consequentemente com o mundo externo. (JUNG, 1964)

A sombra também pode ser projetada em outra pessoa, quando geralmente vemos no outro algo que nos incomoda, que pode nos dar “nojo” obrigando-nos a reagirmos intensamente, mas que na verdade pode não passar de uma rejeição de nossas próprias características negativas, negadas por nossa persona. (ZWEIG e WOLK, 2000)

Zweig e Wolk (2000), acrescentam também que se não nos conscientizarmos das sombras cristalizadas em nossos músculos e células ao longo dos anos, ficará muito difícil evitar que elas passem a contar suas histórias.

Walkíria Andrade F.

Referência: FREITAS, Walkíria de A. R. Arteterapia em Consultório: uma viagem interior. Monografia de especialização em Arteterapia, Instituto Junguiano da Bahia (IJBA), Salvador – BA, 2009.

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