segunda-feira, 17 de maio de 2010


Os arquétipos, os Símbolos e o Inconsciente Coletivo

                                                     Imagem: google

Para Souza (2009), antes de falarmos de símbolos e arquétipos, é preciso que falemos e expliquemos o conceito de inconsciente coletivo. Simplificando, “o inconsciente coletivo é a parte do inconsciente individual que resulta da experiência ancestral da espécie, ou seja, ele contém material psíquico que não provêm da experiência pessoal”. Jung, neste sentido faz uma comparação do inconsciente coletivo com ar, que é o mesmo elemento, as mesmas características e é igual em todos os lugares. É sentido e respirado por todos e não pertence a ninguém.

Souza (2009), explica ainda que “o conteúdo psíquico do inconsciente coletivo são os arquétipos”. Esses arquétipos se dão como um pensamento universal que tem uma carga afetiva específica, que é herdada. “As fantasias individuais são originadas desses arquétipos, assim como a mitologia de todas as épocas”.

Souza (2009) dá o exemplo do desejo de encontrarmos a “cara metade” e faz referência ao arquétipo do par Adão e Eva para isso, assim como da existência de outros arquétipos que representam a união de polaridades.

Por exemplo, esse desejo de encontrar a outra polaridade, essa vontade que vem do inconsciente é algo herdado, trazido de geração em geração, pela família, pela cultura, como um anseio que se propaga e vem reverberando, se propagando através dos tempos, pelos costumes, valores, conceitos, mitos, na forma de “uma tradição”, ou, por exemplo, de um mandato familiar, como um “padrão intergeracional” (da família), assim visto pela psicologia sistêmica. (ANDOLFI apud SILVA, 2008)

Explicando melhor o parágrafo acima, Jung afirma, os arquétipos são imutáveis e inatos, somente se transformam em símbolos ao entrarem na consciência, esses símbolos podem mudar em conformidade com a época e com a cultura, além de evoluírem e serem recicláveis. (SÃO PAULO, 2007)

Assim como diz Jung, como os arquétipos não expressam uma imagem ou conteúdo definido, somente uma variação de detalhes, ele ainda é muito mal compreendido. (SOUZA, 2009)

Sobre esta afirmação podemos lembrar da obra de Gilles Deleuze, que se expressa assertivamente nesta frase do próprio autor e de Felix Guattari: “O quanto se é tentado a se deixar prender aí, a se embalar aí, a se agarrar a um rosto...”. Exprime a necessidade do ser humano em dar rosto, forma, aos conceitos aprendidos para que, assim, seja compreendido. (ACIOLI, 2001)

Assim como esta outra frase da obra “O Grito é Nosso”, citada por Acioli (2001): “Quero confessar com sinceridade, mas meu coração está vazio. O vazio é um espelho que reflete em meu rosto”.(...) “Quero que Deus estenda as mãos para mim... que mostre seu rosto, que fale comigo!”

Neste sentido lembro, ainda de acordo com Acioli (2001), que a obra cinematográfica de Ingmar Bergman, comentada por Deleuze, sobre levar o rosto na direção do vazio traz essa concepção da necessidade do homem de dar rosto aos elementos. Ainda dentro deste pensamento podemos fazer referência a atitude de atribuirmos ao nosso deus uma face, como se não suportássemos a “desterritorialização”.

Os arquétipos estão em nós de várias formas, como é o caso, por exemplo, da figura materna, da mãe boa, do arquétipo do feminino na psique. Que acreditamos ser o amor materno como algo inerente à condição de mulher, como algo sublime, forte mas, ao contrário, explica Elizabeth Banditer em sua teoria do mito da maternidade, que este amor é como qualquer outro e pode variar de acordo com ambições, frustrações, cultura, podendo existir ou não na mulher, “aparecer ou desaparecer, ser forte ou frágil, ter preferência por um filho ou não” mas, ainda assim, insistimos em acreditar inconscientemente naquele amor materno mágico, maior que qualquer outro, que nos é ensinado desde que somos pequenos. (BANDITER apud SILVA, 2008, p. 38).

“Essas crenças arquetípicas não podem ser destruídas e permanecem em nós por toda a nossa existência mas necessitam ser constantemente trabalhados” e esses arquétipos representam as principais estruturas formadoras da nossa personalidade. (SOUZA, 2009)

Souza (2009), salienta que ao contrário dos arquétipos, que não têm conteúdo definido, o nosso inconsciente se expressa pelos símbolos que têm conteúdo definido, “é algo dinâmico e vivo” e vai além do consciente. Podem ser individuais ou coletivos e nos sonhos podem representar um conceito criado pela psique individual ou advindo do coletivo. Em sua obra Jung se reportou mais aos símbolos coletivos, em sua maioria religiosa, como por exemplo, a cruz, o martelo de Thor (símbolo da proteção Divina contra o perigo) entre outros.

Um símbolo, para ser internalizado, estruturado de uma forma diferente da qual foi inicialmente, não basta que mudemos o seu conceito, não basta sabermos a verdade sobre sua história - assim como o conceito do Martelo de Thor, que tem uma conotação negativa, símbolo de medo e desaprovação, uma vez que foi mal usado por Hitler - ele deve ser repetido várias vezes, para que seja desprogramado e reinternalizado na mente, com outra qualidade de sentimento e outro rosto. Esses símbolos podem se dar na forma de nomes, imagens familiares entre outros, mas para ser um símbolo trazem consigo algo mais que um simples significado e tem conotações específicas. (SOUZA, 2009)

Podemos citar vários símbolos, como Jesus, a Virgem Maria, Maria Madalena e Judas que carregam, cada um deles, diversas conotações específicas, com significados peculiares inconscientes que não podem ser explicados plenamente, mesmo para quem não é cristão.


Walkíria Andrade F.


Referência:
FREITAS, Walkíria de A. R. Arteterapia em Consultório: uma viagem interior. Monografia de especialização em Arteterapia, Instituto Junguiano da Bahia (IJBA), Salvador – BA, 2009.

Psicologia Junguiana: evento que acontecerá, ainda esse mes no Rio de Janeiro



Por Walkíria Andrade F.

terça-feira, 4 de maio de 2010




 Inteligência Espiritual - por Dana Zohar



 imagem:killuminati2012...

  
No livro QS - Inteligência Espiritual, lançado no ano passado, a física e filósofa americana Dana Zohar aborda um tema tão novo quanto polêmico: a existência de um terceiro tipo de inteligência que aumenta os horizontes das pessoas, torna-as mais criativas e se manifesta em sua necessidade de encontrar um significado para a vida. Ela baseia seu trabalho sobre Quociente Espiritual (QS) em pesquisas só há pouco divulgadas de cientistas de várias partes do mundo que descobriram o que está sendo chamado "Ponto de Deus" no cérebro, uma
 área que seria responsável pelas experiências espirituais das pessoas. O assunto é tão atual que foi abordado em recentes reportagens de capa pelas revistas americanas Neewsweek e Fortune. Afirma Dana: "A inteligência espiritual coletiva é baixa na sociedade moderna. Vivemos numa cultura espiritualmente estúpida, mas podemos agir para elevar nosso quociente espiritual".

Aos 57 anos, Dana vive em Inglaterra com o marido, o psiquiatra Ian Marshall, co-autor do livro, e com dois filhos adolescentes. Formada em física pela Universidade de Harvard, com pós-graduação no Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), ela atualmente leciona na universidade inglesa de Oxford. É autora de outros oito livros, entre eles, O Ser Quântico e A Sociedade Quântica, já traduzidos para português. QS - Inteligência Espiritual já foi editado em 27 idiomas, incluindo o português (no Brasil, pela Record). Dana tem sido procurada por grandes companhias interessadas em desenvolver o quociente espiritual de seus funcionários e dar mais sentido ao seu trabalho. Ela falou à EXAME em Porto Alegre durante o 300 Congresso Mundial de Treinamento e Desenvolvimento da International Federation of Training and Development Organization (IFTDO), organização fundada na Suécia, em 1971, que representa 1 milhão de especialistas em treinamento em todo o mundo. Eis os principais trechos da entrevista:

O que é inteligência espiritual?

É uma terceira inteligência, que coloca nossos atos e experiências num contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos. Ter alto quociente espiritual (QS) implica ser capaz de usar o espiritual para ter uma vida mais rica e mais cheia de sentido, adequado senso de finalidade e direção pessoal. O QS aumenta nossos horizontes e nos torna mais criativos. É uma inteligência que nos impulsiona. É com ela que abordamos e solucionamos problemas de sentido e valor. O QS está ligado à necessidade humana de ter propósito na vida. É ele que usamos para desenvolver valores éticos e crenças que vão nortear nossas ações.

De que modo essas pesquisas confirmam suas idéias sobre a terceira inteligência?

Os cientistas descobriram que temos um "Ponto de Deus" no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e valores para nossas vidas. É uma área ligada à experência espiritual. Tudo que influência a inteligência passa pelo cérebro e seus prolongamentos neurais. Um tipo de organização neural permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico. Dá a ele seu QI, ou inteligência intelectual. Outro tipo permite realizar o pensamento associativo, afetado por hábitos, reconhecedor de padrões, emotivo. É o responsável pelo QE, ou inteligência emocional. Um terceiro tipo permite o pensamento criativo, capaz de insights, formulador e revogador de regras. É o pensamento com que se formulam e se transformam os tipos anteriores de pensamento. Esse tipo lhe dá o QS, ou inteligência espiritual.

Qual a diferença entre QE (Quociente Emocional) e QS (Quociente Espiritual)?

É o poder transformador. A inteligência emocional me permite julgar em que situação eu me encontro e me comportar apropriadamente dentro dos limites da situação. A inteligência espiritual me permite perguntar se quero estar nessa situação particular. Implica trabalhar com os limites da situação. Daniel Goleman, o teórico do Quociente Emocional, fala das emoções. Inteligência espiritual fala da alma. O quociente espiritual tem a ver com o que algo significa para mim, e não apenas como as coisas afetam minha emoção e como eu reajo a isso. A espiritualidade sempre esteve presente na história da humanidade.

No iní¬cio do século 20, o QI era a medida definitiva da inteligência humana. Só em meados da década de 90, a descoberta da inteligência emocional mostrou que não bastava o sujeito ser um gênio se não soubesse lidar com as emoções. A ciência começa o novo milênio com descobertas que apontam para um terceiro quociente, o da inteligência espiritual. Ela nos ajudaria a lidar com questões essenciais e pode ser a chave para uma nova era no mundo dos negócios.

Dana Zohar identificou dez qualidades comuns às pessoas espiritualmente inteligentes. Segundo ela, essas pessoas:

1. Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo.
2. São levadas por valores. São idealistas.
3. Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade.
4. São holísticas.
5. Celebram a diversidade.
6. Têm independência.
7. Perguntam sempre "por quê?"
8. Têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo.
9. Têm espontaneidade.
10.Têm compaixão.

Autora: LuaEstrela
Fonte:  http://www.sunnet.com.br/home/Noticias/Inteligencia-Espiritual-por-Dana-Zohar.html


Por Walkíria Andrade F.

segunda-feira, 3 de maio de 2010


Consciência

Imagem google

Para falarmos de consciência também devemos falar de sua característica mais central, o ego. Palavra de origem latina que significa “eu”. Consciência é a observação, percepção de nossos próprios sentimentos. A consciência guarda um “eu” central e a partir dele podemos fazer uma grande viagem no infinito espaço da psique onde podemos encontrar resposta, encontrar cada vez mais dúvidas ou criar novas perguntas. Jung sabia que a consciência do ego é a ferramenta para a investigação psicológica. E completa afirmando que o entendimento da psique ou de qualquer outra coisa irá depender do estado de consciência de cada pessoa. Neste momento devemos lembrar que o objetivo de escrever sua obra chave foi oferecer um entendimento crítico da consciência, descrevendo oito tipos psicológicos, estilos cognitivos distintos da consciência humana que vive e processam de formas diferentes as informações e a experiência de vida. (STEIN, 2005)

Jung diz que “Entendemos por ego aquele fator complexo com o qual todos os conteúdos conscientes se relacionam. É este fator que constitui, por assim dizer, o centro do campo da consciência, e dado que este campo inclui também a personalidade empírica, o ego é o sujeito de todos os atos conscientes da pessoa” (STEIN, 2005, p.23).

Stein (2005), explica ainda, que o termo ego dá nome à experiência que o indivíduo tem se si mesmo como um centro de vontade, de desejo, de reflexão e ação. Esse conceito de ego como um centro da consciência permanece constante do começo ao fim dos escritos de Jung.

Stein (2005) pontua, que ao definir ego, Jung estabelece uma diferença decisiva entre características conscientes e inconscientes da psique: “consciência é o que conhecemos e inconsciência é tudo aquilo que ignoramos”(p.23).

Grinberg (2003), explica que a consciência nasce a partir do inconsciente e se desenvolve gradativamente de acordo com alguns modelos. Assim como o corpo, a consciência também evolui e necessita igualmente de cuidados, cresce, adoece e transforma-se ao longo da vida.

Ainda segundo Grinberg (2003), a harmonização à vida interior e exterior é o papel principal do ego. À medida que a consciência aumenta e o ego se estrutura é como se a vida se tornasse mais tranquila. Funções psicológicas são ferramentas que o ego utiliza para vivermos melhor.


 Walkíria Andrade F.


Referência:
FREITAS, Walkíria de A. R. Arteterapia em Consultório: uma viagem interior. Monografia de especialização em Arteterapia, Instituto Junguiano da Bahia (IJBA), Salvador – BA, 2009.